Chupeta – Sim, não ou talvez?

Durante a sucção, o movimento que os bebés fazem ao mamar permite nutri-los e estabelecer ligação afectiva com a mãe. Este movimento de sucção estimula o desenvolvimento dos músculos e ossos da face, desenvolve a respiração pelo nariz e a mastigação. A amamentação materna exige esforço muscular mais complexo e normalmente acaba por saciar a necessidade de sucção e alimentar do bebé.

Por vezes, o bebé atinge a plenitude muscular e não alimentar, e pára de mamar, mas sente logo fome de seguida; neste caso deve-se insistir para que ele não se distraia ou adormeça durante o aleitamento. Quando o contrário aconteça – o bebé fica sem fome – mas a plenitude muscular não foi alcançada, o que é mais comum nos bebés que usam biberão, por exigir um movimento muscular mais simples, pode ser necessário o complemento de sucção. A chupeta existe justamente para complementar esta necessidade de sucção e deve ser utilizada com regra para
que não se instale o hábito tão difícil de remover. Sabe-se que crianças amamentadas pelo peito da mãe não necessitam de chupeta.

O uso de bicos artificiais (chupeta ou biberão) acaba por confundir o bebé e a língua não vai ser bem educada na posição correcta de deglutição. Este facto é um dos segredos pelo abandono
precoce do aleitamento materno. Se optar por usar a chupeta ela deve ser considerada um “instrumento” para realizar exercícios de sucção e não um brinquedo ou “parte do vestuário” da criança. Deve ter em conta a frequência de uso, que deve ser mínima, sendo indicada em momentos de stress ou para adormecer e não para qualquer choro do bebé. Antes de oferecer a chupeta inspeccione outros desconfortos, como fome, frio,
fralda suja, dor ou saudades da mãe. Deve utilizá-la apenas até o bebé se acalmar. Quando ele a larga, não a recoloque. Se a chupeta fica entre os lábios, o bebé pode perder a memória muscular de
fechar a boca, o que é fundamental para respirar pelo nariz.

Organize a vida da criança sem a chupeta após os dois anos, logo que a sucção passe a ser substituída pela mastigação e beber líquidos no copinho, outros músculos devem ser estimulados.

Existe uma chupeta ideal?

As chupetas variam em forma, tamanho e material. A forma ideal é a anatómica, que se adapta à boca da criança e permite bom contacto da língua com o palato durante a deglutição. O disco plástico deve ser côncavo e com perfurações que evitam o acumular de saliva e consequente irritação da pele.
Escolha uma chupeta sem argolas, para não pendurar correntes ou fraldas, que podem estrangular o bebé. O tamanho deve acompanhar a idade do bebé e o material preferencial é o silicone.

Quais são as consequências do uso desapropriado da chupeta?

Associado à genética da criança, o uso incorrecto da chupeta origina problemas na mordida da criança após os dois anos, com o uso prolongado da chupeta. Não removendo atempadamente a chupeta, ainda com a dentição de leite, podemos observar mais tarde diversos problemas na dentição e nas estruturas da face das crianças:
• Mordida aberta anterior (dentes de cima não encostam nos de baixo)
• Mordida aberta posterior (dentes de cima ficam “apertados” e não encaixam nos de baixo)
• Dentes superiores projectados para a frente
• Cáries precoces de infância
• Alterações na fala
• Alterações na deglutição
• Alterações na respiração

Deve-se evitar a chupeta?

A chupeta é um objecto muito prático para acalmar a criança em momentos de choro e inquietação, de forma a consolar e tranquilizar. No entanto, caso seja utilizada em qualquer situação, acaba por habituar o bebé, o que o faz procurar cada vez mais este hábito. Não precisa evitar a chupeta! A verdade é que a chupeta acaba por ser uma amiga da criança. O laço de carinho com ela não deve ser interrompido de forma brusca. Quando chegar à idade certa para retirar a chupeta, deve-se, um pouco antes, começar a incentivá-la, dizendo que já é grande e que não precisa de a usar. Elogie a criança sempre que ela não esteja com a chupeta na boca.

Como remover o hábito da chupeta?

O ideal será começar a deixar por volta dos 24 meses e aos 36 meses já não a usar. Depois dessa idade, a utilização da chupeta pode levar a problemas graves de dentição e da face.
Dicas para ir retirando a chupeta:
• Quando a criança adormecer poderá retirar a chupeta lentamente;
• Ir reduzindo o tempo em que a criança fica com a chupeta, fazendo “intervalos”;
• Quando a retirar, não a deixar visível em qualquer lugar que a criança a possa ver, procure um lugar onde guardá-la;
• Faça uma troca! Em troca da chupeta dar algo que a criança precise ou goste, como, por exemplo, algum brinquedo que a criança goste muito;
• Um bom truque é furar a ponta da chupeta para mudar a sensação ao chuchar.

Cárie precoce na infância

É sempre um momento de grande felicidade quando nasce o primeiro dente do bebé, por volta dos seis meses, mas é importante saber que, quando o bebé nasce, os dentes já estão todos formados debaixo da gengiva.
Não tendo os devidos cuidados de higiene com a boca do bebé, à medida que os dentes nascem também podem aparecer cáries muito violentas.
A principal causa das primeiras cáries precoces de infância é a adição de líquidos açucarados (açúcar, mel, compota) à chupeta ou biberão do bebé. São muitos os pais que adoçam a chupeta ou biberão para obterem um “calmante” e seja mais fácil adormecer a criança.

Artigo escrito pela Dra Soraia Oliveira, na revista Kids Maketeer